Este blog foi apresentado como trabalho do curso de Estágio Supervisionado II, ministrado pela professora Carina Costa, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O curso em questão possui
uma parte teórica, ministrada nas dependências da UERJ, além de uma parte
prática, realizada em espaços de educação não formais, como museus, centros
culturais, e outras instituições correlatas. Os assuntos tratados ao longo do
curso privilegiam a temática de museus, no que diz respeito não só à apropriação
deste pelo Ensino de História, mas também a questão fundamental das múltiplas
funções deste espaço. Dessa forma, o recorte da disciplina privilegiou a
construção do conhecimento fora da escola, destacando as instituições
museológicas e culturais e, ao mesmo tempo, partindo da compreensão dos
processos de formação da consciência histórica.
Passamos grande parte do curso em contato com o Museu da República e pudemos constatar, além de sua importância histórico-cultural, seus inúmeros defeitos institucionais. A começar pelos horários restritos de funcionamento. Nem todo mundo consegue visitar um museu que funciona apenas de 10h às 17h...
Outro problema é a formação dos vigilantes e funcionários em geral, visivelmente mal preparados para lidar com os visitantes e completamente destreinados quanto à informações do acervo e da história do próprio Museu.
Há também muitos problemas técnicos, como por exemplo a falta de legendas na maioria esmagadora dos objetos expostos. Quando as legendas existem, elas estão quase sempre escritas em português, quase nunca em inglês e nunca em espanhol. Isso sem dúvida configura um fator de exclusão, já que o Museu não se faz inteligível para certos visitantes.
Problemas estruturais como falta de ar-condicionado também podem atrapalhar o bom andamento das visitas em um típico forte dia de calor no Rio de Janeiro...
O museu produz discursos ideológicos. Aprendemos isso na disciplina e comprovamos na prática de observação do Museu da República. Ele é a prova viva de que se pode exaltar determinado período histórico e ignorar muitos outros, de acordo com a conveniência. Também é possível distorcer a história a seu favor, contra seus inimigos. Todos os museus produzem discursos. Seja através dos textos explicativos, seja pelos objetos selecionados para a exposição, ou mesmo pelo horário de funcionamento. E é exatamente isto que procuraremos demonstrar com este blog. "Treinar" o olhar, identificar os discursos ocultos, fazer a crítica da história.